quinta-feira, 7 de fevereiro de 2013

Obra Análoga: Casa de Vidro Lina Bo Bardi | Mariene e Silvana


    Lina Bo Bardi é um paradigma da arquitetura moderna brasileira. Italiana de origem, chegou a São Paulo nos anos 40 junto ao seu marido Pietro Maria Bardi. O casal não deixou mais o país. Em 1951, Lina se naturaliza brasileira, ano que coincide com a inauguração da sua primeira obra construída, nada menos que a Casa de Vidro, localizada no bairro do Morumbi, zona sul de São Paulo. Inicialmente idealizada como residência do casal e sede do Instituto de Arte Contemporânea, a Casa de Vidro foi a primeira residência do bairro, até então dominado pela Mata Atlântica, quando a expansão da cidade começava a ocupar a outra margem do rio Pinheiros. 


FICHA TÉCNICA: 
  • Arquiteto: Lina Bo Bardi
  • Ano: 1951
  • Tipo de projeto: Residencial
  • Materialidade: Vidro e Metal
  • Estrutura: Concreto
  • Localização: São Paulo, Brasil


  • Video da maquete 3d da casa.






       A caixa de vidro no alto das árvores cria um grande destaque entre a edificação e a mata que a envolve. Seus grandes espaços envidraçados permitindo uma total integração com a natureza ao redor.


        A casa, chamada pelo povo do Real Parque e do Brooklin de “Casa de Vidro”, foi construída em 1951. É um exemplo daquilo que se podia realizar com o antigo Código de Normas Brasileiro (muito elogiado pelo grande engenheiro italiano Pier Luigi Nervi quando esteve no Brasil ) e hoje modificado conforme as normas européias o que  tornaria esta estrutura, hoje proibida .
       O engenheiro Tullio Stucchi executou os cálculos estruturais da casa, toda em cristal, sendo a estrutura vertical constituída por tubos Manessmann e simples tubos de Eternit e a estrutura horizontal de concreto armado. O conjunto resultou “trés elegante” como disse o arquiteto Max Bill quando de sua visita ao Brasil, e Saul Steinberg (ele foi hóspede da casa por ocasião de sua exposição no Museu de Arte de São Paulo, em 1952) declarou “É uma casa poética”.
        Uma das primeiras intenções de Lina foi conservar o perfil natural do terreno, muito inclinado, o que influiu para que a frente da casa fosse construída sobre pilotis, mas sem deixar de fazer referência a um dos cinco pontos da arquitetura propostos por Le Corbusier. A parte de trás da residência ficou, por conseguinte, apoiada em muros de concreto diretamente sobre o terreno. Esse aspecto maciço da porção posterior se contrapõe com a leveza da porção sul e sua fachada principal, criando um rico diálogo entre transparência e opacidade, natureza e construção, interior e exterior, que trás novamente à mente os exemplos das primeiras casas corbusierianas.



        A estrutura vertical se compõe por esbeltos tubos de aço, dispostos em um modulação de quatro módulos de largura por cinco de profundidade. Formam o pilotis da residência e avançam pela laje do piso superior até alcançarem a laje de coberta, ambas de concreto armado. A casa se vê, assim, como uma caixa transparente flutuante em meio da natureza. De modo a tirar o máximo de proveito da privilegiada vista que se despega para a cidade, a casa foi projetada com o mínimo de proteção, de tal modo que as grandes janelas não possuem guarda-corpo. Assim, ao mesmo tempo que a casa atua como um refúgio, proporciona uma vida em constante contato com a natureza e contemplação da paisagem. O casal Bardi pretendia, com isso, desfrutar dos nasceres e pores-do-sol, das chuvas e tempestades, das mudanças naturais.



         Hoje a casa representa, com seu resto da antiga mata brasileira, uma lembrança poética daquilo que podia ter sido uma grande “reserva”, o grande Parque da Cidade, com suas plantas valiosas e seus bichos, com a pequena capelinha (mal restaurada e que podia hoje se recuperar), com seu Real Parque, residências alegres de pessoas humildes e pobres, mas proprietárias das casinhas .simples e de alegres quintais, exemplo de conjunto popular que  denuncia as atuais soluções do problema habitacional, e a dramática ausência de um Plano Diretor na cidade de São Paulo.

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